
abscessos nas tartarugas
20-04-2016 19:03A inflamação na zona auricular nas tartarugas resulta de uma infecção, geralmente ascendente, situada na trompa de Eustáquio (canal do ouvido interno) que pode dar origem a uma septicemia (infecção generalizada do sistema/organismo) ou a uma formação quística que se vai desenvolvendo e expandindo em forma de abcesso, conforme visível nas imagens em baixo.
Este abcesso pode ser, erradamente, confundido com uma contusão (pancada). Exteriormente manifesta-se através de edema (inchaço) e deformação local da zona auricular. A sua textura interna é esponjosa ou semi-rígida e necessita de ser removida cirurgicamente.Este processo infeccioso acontece, geralmente, de dentro para fora do canal, ainda assim, é possível decorrer de uma causa externa motivada por uma infecção causada por fraca nutrição ou condições de habitabilidade prejudiciais.
Trata-se de uma patologia bastante comum, sendo que, alguns dos factores que lhe dão origem são:
- Qualidade da água;
- Dieta pobre e pouco variada;
- Temperatura incorrecta ou insuficiente (geralmente abaixo do índice mínimo recomendável);
- Existência de uma doença infecciosa associada e não identificada até ao momento;
Sinais Clínicos:
- Inchaço visível de um ou ambos os lados, na zona dos tímpanos;
- Poderá ser visível a saída de pus (líquido viscoso, cremoso, de cor amarela pálida ou verde amarelada, evidencia de infecção bacteriana), dos canais relativos à trompa de Eustáquio;
- Esta infecção poderá transformar-se numa septicemia. É igualmente possível que o surto infeccioso se espalhe a estruturas envolventes desencadeando osteomielite e cellulitis (infecção óssea e cutânea). Em alguns casos, é possível detectar, igualmente, infecções oculares;
- Habitualmente não registam desequilíbrios na actividade natatória das tartarugas, todavia, isso é possível e indicador de uma falha sistémica ou da existência de patologias secundárias;
Diagnóstico Médico:
- Será necessário efectuar um exame clínico completo, associado a uma análise de fezes e sangue com vista à elaboração de relatório e preparação para intervenção cirúrgica;
- Os edemas das estruturas do tímpano são patognomónicos, o que significa que caracterizam especificamente uma doença, bastando para isso a sua simples presença para identificação e estabelecimento do diagnóstico;
- Deverá ser feita uma biopsia (recolha) do tecido infectado, cultura bacteriológica e estudo por via da citologia, do mesmo;
- Deverá ser sempre examinado o canal de saída na faringe, junto aos tubos de Eustáquio e perceber se a respectiva inflamação é bilateral (interna e externa);
- O diagnóstico deverá compreender a saúde geral do animal, com recurso a identificação de outras patologias associadas. Será igualmente necessária radiografia com o objectivo de despistar vestígios de eventual presença de osteomielite;
Tratamento:
- Consiste na remoção cirúrgica do abcesso, seguida de tratamento pós-operatório com antibióticos (geralmente Amicacina, Enrofloxacina, Chloramphenicol, etc...), definidos após relatório e determinação do agente infeccioso;
- Tratamento local com antibióticos de aplicação tópica (directa na pele), limpeza da zona afectada com chlorhexidina diluída e administração de antibióticos sistémicos; Atenção: Nunca usar Iodo-povidona (Betadine) visto que estes poderão causar lesões aos fibroblastos (células, cuja função é a de manterem a integridade estrutural dos tecidos conjuntivos);
- Necessidade de alteração total dos hábitos de higiene e alimentação, sendo que, estes deverão respeitar:
a) Dieta com base em sticks de granulado para tartaruga.
Em contexto generalista de exemplo, para tartarugas semi-aquáticas do tipo Pseudemys e Trachemys: granulado para tartarugas na razão de 70%. Os restantes 30% à base de legumes, fruta e granulado para répteis herbívoros, devidamente preparados em termos de dimensão adequada para a tartaruga. Os gammarus devem apenas ser usados só como uma guloseima, esporadicamente;
b) Limpeza regular e trocas parciais de água consoante as condições e dimensões do aquário ou aquaterrário;
c) A temperatura da água, tratando-se de tartarugas aquáticas ou semi-aquáticas, deverá ser mantida a um gradiante térmico de cerca de 25°C a 26°C, com auxilio de termostato adequado, durante todo o ano;
d) Será necessário manter iluminação e aquecimento, por via de lâmpada cerâmica, incandescente, etc... deverá ser usado igualmente uma lâmpada de UVB (com o objectivo de fixar o cálcio e prevenir o aparecimento de fungos), a uma distância máxima de 30cm, com potência adequada às dimensões da plataforma e cuja temperatura, em 50% da zona seca atinja os 29°C a 32°C, consoante a espécie.
edição por João Azevedo
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