Cágado - Mediterrânico

28-05-2016 19:04



Ficha do Cágado-mediterrânico


O cágado-mediterrânico é um habitante discreto de charcos, lagos e cursos de água de reduzida corrente. Apesar de ainda ser comum, a crescente contaminação do habitat e a captura ilegal podem ameaçar a viabilidade das suas populações.

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) pode atingir os 22 cm de comprimento da carapaça. Os machos pesam, em média, 400 g, enquanto as fêmeas pesam cerca de 700 g. Distingue-se facilmente do outro cágado da fauna portuguesa (cágado-de-carapaça-estriada - Emys orbicularis) pela coloração. O seu corpo e carapaça são cinzento esverdeado ou castanho, com manchas claras e difusas. O pescoço e as patas dianteiras têm uma série de linhas alaranjadas. No ventre, a carapaça tem uma coloração esverdeada ou amarelada, com manchas pretas simetricamente colocadas de um e de outro lado da linha central. A carapaça, de forma oval, é comprimida dorso-ventralmente e as suas faces dorsal e ventral estão directamente ligadas, sem nenhuma banda de pele. As fêmeas apresentam uma distância menor entre a cloaca e o início da cauda que os machos. Além disso, nas fêmeas a zona ventral da carapaça é plana ou ligeiramente convexa, enquanto nos machos esta é um pouco côncava. Nos recém nascidos, que apenas medem cerca de 3 cm, a carapaça tem um contorno praticamente circular.


DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Este cágado distribui-se pela Península Ibérica, Sul de França e Norte de África. Em Portugal aparece de uma forma contínua a Sul do Tejo e no Norte interior (incluindo as Beiras Baixa e Alta e Trás-os-Montes). No Noroeste existem apenas pequenos núcleos isolados. Em geral, é bastante mais abundante que o cágado-de-carapaça-estriada.

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Faz parte do anexo II da Convenção de Berna. Em Portugal é considerada não ameaçada (NT).


FACTORES DE AMEAÇA

A captura ilegal de animais desta espécie é um dos factores que pode ameaçar algumas das suas populações. Com efeito, os cágados são capturados para serem vendidos como animais de estimação e, nalgumas zonas, para a alimentação. Também são capturados acidentalmente nas redes de pesca, acabando por morrer por afogamento.

Outro factor de ameaça é a introdução de espécies exóticas, nomeadamente da tartaruga-verde (Trachemys scripta) que tem maior crescimento e é mais agressiva e oportunista, competindo com o cágado-mediterrânico pelos recursos.

Finalmente, a alteração e destruição do habitat também pode levar à fragmentação ou mesmo ao desaparecimento de algumas populações desta espécie.

HABITAT

Este cágado é comum numa grande variedade de habitats de água doce ou de baixa salinidade, com água parada ou pouca corrente. Assim, são facilmente encontrados em charcos, lagoas, albufeiras, rios, ribeiras e pauis. Raramente são encontrados em altitudes elevadas. Preferem locais com muita vegetação aquática e elevada insolação das margens.


ALIMENTAÇÃO

Os cágados-mediterrânicos consomem uma grande variedade de alimentos, nomeadamente plantas, insectos, caracóis, lagostins, anfíbios, peixes e até pequenas aves.


INIMIGOS NATURAIS

Entre os seus predadores incluem-se as cegonhas, as garças, as aves de rapina, os corvídeos, peixes grandes e alguns mamíferos como a lontra, a raposa e o javali.

REPRODUÇÃO

A reprodução dá-se sobretudo na Primavera e, em menor grau, no Outono. Durante a cópula, que geralmente tem lugar na água, o macho agarra-se por cima da carapaça da fêmea e introduz o seu órgão reprodutor na cloaca desta. Cada postura inclui 1 a 12 ovos, que são depositados num buraco com cerca de 15 cm de profundidade, escavado pela fêmea com as patas traseiras. Depois da postura ela cobre o buraco com terra. As crias nascem passados 56 a 80 dias, mas geralmente só emergem na Primavera seguinte. A maturidade sexual dá-se por volta dos 2 a 4 anos nos machos e dos 6 a 7 anos nas fêmeas. A longevidade máxima é de cerca de 35 anos.


ACTIVIDADE

Diurnos, estes cágados aquecem-se na borda dos corpos de água com os primeiros raios de sol e fazem-no durante uma grande parte do dia. Quando ficam demasiado quentes entram para a água ou procuram um lugar à sombra.

Hibernam no Inverno, estando activos sobretudo de Março a Outubro. No entanto, se o Inverno não for muito rigoroso, podem permanecer activos durante todo o ano. Podem também estivar se as zonas de água onde vivem secarem.


CURIOSIDADES

Quando são capturados expelem pela cloaca um líquido fétido, proveniente de glândulas especializadas, que tem por objectivo desencorajar os seus predadores.


LOCAIS FAVORÁVEIS DE OBSERVAÇÃO

São relativamente fáceis de observar nas margens de rios e ribeiras com pouca corrente ou de charcos e lagoas, sobretudo em dias de sol, durante a Primavera.

BIBLIOGRAFIA
Araújo, P. R.; Segurado, P. e Santos, N. R. (1997). Bases para a conservação das tartarugas de água doce Emys orbicularis e Mauremys leprosa. Estudos de Biologia e Conservação da Natureza, 24. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa.
Arnold, E. N. e Burton. (1987). Guia de campo de los reptiles y anfibios de Espanha y de Europa. OMEGA, Barcelona.
Barbadillo, L. J. (1987). La guia de INCAFO de los anfibios y reptiles de la Peninsula Iberica, Islas Baleares y Canarias. Madrid:INCAFO.

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